terça-feira, 30 de maio de 2017

Audiência Pública para discutir assunto da Santa Casa de Ribeirão Bonito lota plenário da Câmara

Plenário da Câmara totalmente ocupado por moradores e funcionários públicos

A Audiência Pública para tratar de assuntos relacionados à Santa Casa de Ribeirão Bonito, lotou o plenário Emydio Lucato na Câmara Municipal. O provedor da entidade Marcel Rofeal foi o primeiro a falar e de maneira objetiva e clara, fez uma explanação geral da situação atual da Santa Casa, focando em um contrato de gestão existente entre a entidade e a prefeitura, a qual acusou o descumprimento legal no combinado e acordado. Marcel foi duro e enfático em dizer que não há um canal de comunicação com  o prefeito Chiquinho Campaner(PSDB) e que por conta disso, a entidade vem sofrendo com a falta de repasses, que para o provedor, a Santa Casa é credora de um valor considerável e que vem afetando o dia-a-dia da entidade.
Audiência Pública para tratar de assuntos relacionados à Santa Casa

O prefeito Chiquinho Campaner teve direito a um tempo de 30 minutos, o qual se utilizou para contrapor as alegações do provedor Rofeal. As discussões foram acaloradas, cheias de farpas de ambos os lados, que ao final de mais de duas horas e meia de debates, a impressão do resultado final dividiu opiniões.

O vereador Eraldo Chiavoloni(DEM), foi quem provocou a audiência e ao final disse que a audiência foi positiva, porém acha que tem que avançar na tratativa de resolver de vez os problemas que afetam a entidade, e a solução seria a criação rápida de uma comissão para estudar os próximos passos a serem tomados.
                                                                                                    Os Debates

O provedor Marcel Rofeal iniciou a sua fala defendendo o cargo que ocupa na Santa Casa após a renúncia de Moacyr Nunes da Silva que deixou a entidade por motivos de saúde. Para Marcel, houve a tentativa do prefeito Chiquinho Campaner em nomear outro ocupante para o cargo. "O provedor é escolhido por meio de uma eleição, e essa eleição será no fim do ano que vem, então pode ficar despreocupado que tem mais de um ano e meio pela frente", disse Marcel.

Para o provedor há o descumprimento do contrato de gestão celebrado entre a Santa Casa e a Prefeitura, cujos repasses que teriam que ser feitos pela prefeitura não respeitam datas  nem mesmo valores acordados.

Marcel criticou a dispensa que sofreram 24 servidores da saúde, apontando um passivo para a prefeitura em indenizações de mais de R$ 700 mil. “Hoje a Santa Casa pode ser considerada como uma mãe internada na UTI, respirando com a ajuda de aparelhos. A Santa Casa hoje é a vítima, a prefeitura é a médica que está lhe cortando o medicamento”, falou Marcel

Marcel falou aos presentes que quando assumiu a Santa Casa em fevereiro deste ano, havia deparado com uma bomba relógio prestes a explodir, se referindo a problemas da entidade do passado. Ainda segundo o provedor, nem mesmo alvará de funcionamento a entidade possui, o que estaria sendo regularizado no momento.

Marcel disse que muitos especialistas deixaram a cidade e médicos que ainda prestam serviços ao município estariam desde janeiro sem receber salários. Para o provedor, há comentários na cidade de que o prefeito teria a intenção de fechar a Santa Casa.

Marcel aponta inúmeras irregularidades no contrato de gestão e diz que existe um rombo milionário nas contas da Santa Casa somente no último período. 

Marcel terminou sua fala dizendo que o contrato de gestão, o qual rasgou durante explanação, só traz prejuízos para a entidade, afirmando em seguida que continuará a frente da Santa Casa lutando para que a população possa ser dignamente atendida.

Em tempo: O contrato de gestão entre as partes termina no início do mês de julho e não poderá ser prorrogado, pois a “O.S” prevê um limite máximo de 60 meses, e esse limite expira em junho. A entidade e a prefeitura terão que encontrar uma nova solução para dar continuidade a essa parceria.

Os números da entidade
 O contador da Câmara, Marcelo Natal Franquim, que também oferece suporte à Santa Casa, passou a apresentar uma planilha dos repasses realizados e suas diferenças.

Para Marcelo, nos meses de novembro e dezembro de 2016, portanto na gestão do prefeito Wilson Forte Junior, o correto e acordado em contrato de gestão, seria repasses da ordem de R$  395 mil para novembro e mais R$ 395 para dezembro, perfazendo dessa forma um total nesses dois meses de R$ 790 mil. A realidade, segundo Marcelo foi outra, nos últimos dois meses de 2016 foram repassados apenas R$ 164 mil, abrindo dessa forma um déficit da ordem de R$ 624 mil. Na administração Chiquinho Campaner, de janeiro a abril, foram repassados R$ 1.181mil, quando o contrato prevê nesse período um valor igual a R$ 1.184 mil, portanto, R$ R$ 3 mil a menor.

De acordo com Marcelo, as três modalidades de receitas que são destinadas à Santa Casa provem de três formas: subvenção, contrato de gestão e repasse do SUS, atendendo Pronto Socorro, PSFs, exames laboratoriais e algumas especialidades médicas.

Marcelo apresentou os resultados do ano de 2015, afirmando que a receita menos despesas da entidade, mostrou que a entidade mal cobriu os custos operacionais e fazendo um paralelo com a iniciativa privada, as portas já estariam fechadas, pois houve um déficit de R$ 318 mil nesse período.

Somando o déficit de 2015, 2016 e no primeiro trimestre de 2017, para Marcelo, chega-se a um valor de R$ 1.340 mil. De acordo com  o contador, no contrato de gestão está previsto apenas o pagamento de despesas a que se destina, não é cobrado nada  mais pela administração desse trabalho, o que acaba, em sua opinião, gerando gastos sem receita.

Marcelo apontou um valor da ordem de R$ 800 mil de déficit financeiro, que está faltando para a Santa Casa fechar suas contas. Ainda de acordo com o contador, multas e outras despesas criadas já na gestão atual, inflaram o déficit, sem que a prefeitura atentasse para mais essas despesas extras.

A Fala do Prefeito Chiquinho Campaner

Chiquinho Campaner iniciou sua participação na audiência pública fazendo um paralelo com um programa de televisão humorístico que o ator Paulo Gracindo incorporou o personagem Odorico Paraguaçu, prefeito da cidade de Sucupira, onde dizia que palavras, são palavras, nada mais que palavras, e com isso a plateia o aplaudia. Com isso, Chiquinho deu a entender que o que teria sido dito até aquele momento, não traduziam em  absolutamente nada.

“ Eu assumi dia 1º de janeiro. Já pensaram nas exigências e demandas que fazem em cinco meses de governo? Está dando a impressão que estou completando três anos e onze meses lá, ao apagar das luzes”, disse Chiquinho, que em seguida apresentou os repasses realizados pela prefeitura nesses primeiros cinco meses de administração. Segundo o chefe do Executivo, foram repassados para a Santa Casa R$ 1, 7 milhão.

Campaner fez uma sugestão para que o que fosse de responsabilidade da prefeitura voltasse a ser administrado pela prefeitura e a Santa Casa administraria as suas próprias demandas. Na realidade, o que o prefeito defendeu foi a cisão do contrato de gestão entre prefeitura e Santa Casa.

Chiquinho Campaner disse que a Saúde de Ribeirão Bonito consome 39,5% dos recursos do município, quando o mínimo exigido seria de apenas 15%. Levando-se em conta que a previsão de receita do município será de R$ 37 milhões, se continuar com esse percentual sendo gasto pela Saúde, chegaremos ao final de 2017 com gastos da ordem de R$ 15 milhões.

Chiquinho rebateu o comentário do provedor Marcel que não há canal de comunicação com a prefeitura. Campaner disse que as portas do seu gabinete sempre estiveram abertas para receber quem quer que fosse. Rebateu também os comentários de que a atual administração não olharia para a Santa Casa, e novamente mostrou os valores repassados.

Chiquinho disse ter certeza de que daqui a quatro anos  todos terão orgulho em dizer que são de Ribeirão Bonito. Quanto à preocupação dos funcionários em geral disse: “O funcionário pode ter ciência, no quinto dia útil o seu salário está depositado”, falou Campaner.

Quanto às críticas que vem recebendo, Chiquinho disse: “ Ou é grupo político que está por trás, ou pessoas desintonizadas  com as realidades do município. Ou é uma coisa ou é outra”, disse

“O que se está se praticando hoje em Ribeirão Bonito, chama-se desestabilização de governo”falou Chiquinho.

Chiquinho se utilizou de dados do passado quando eram repassados à Santa Casa R$ 110 mil, e hoje repassa quatro vezes mais. A pergunta que o prefeito fez: “Melhorou em quatro vezes o serviço?”

Resumo
O provedor da Santa Casa Marcel Rofeal apresentou as dificuldades que a entidade passa, criticando a forma como o prefeito tem agido e insistiu na dificuldade de diálogo com o chefe do Executivo.

O contador Marcelo mostrou o déficit acumulado, desde 2015 e a preocupação com os repasses feitos pela prefeitura.

Em determinado momento, Matheus, um dos que montou a reforma administrativa em 2012, apresentou as possíveis saídas com a aproximação do final do Contrato de Gestão entre as partes, sugerindo um novo modelo que possa atender a demanda da saúde da cidade.

Vereadores presentes foram favoráveis a formação de uma comissão mista para discutir o assunto. O vereador  Armandinho(foto) se colocou à disposição de integrar uma possível comissão.

Chiquinho Campaner nos pareceu favorável a cisão do contrato de gestão, passando funcionários da saúde para dentro da folha de pagamento do município.

A íntegra das discussões estará disponível em áudio no site da Câmara Municipal.

Nota da Redação: Houve momentos tensos de muita discussão, de acusações, porém nada que tenha fugido da proposta de uma Audiência Pública. O contador Carlos Mascaro(foto) teve um papel preponderante na direção dos trabalhos, onde em vários momentos interferiu para que houvesse o bom debate.

            Avaliações após a Audiência Pública

Marcel Rofeal:  “Eu acho Sergio, que a gente rodou, rodou e não saiu do mesmo lugar. Rodou para onde era desde o início. O ponto que foi abordado nessa reunião é o mesmo que a gente tem abordado desde o começo, a falta de diálogo”. Para Marcel, já era possível montar uma comissão para resolver os problemas, porém não vê a disposição do prefeito em fazê-lo.

Eraldo Chiavoloni: Para o vereador a reunião foi positiva, e que irá marcar com o Matheus, para que se monte uma comissão o mais urgente possível, pois o Contrato de Gestão está prestes a vencer.

Vale salientar que foi por intermédio do vereador Eraldo a iniciativa da audiência pública.

Dimas Tadeu Lima – Para o Presidente da Câmara, foi só enrolação, criticou o prefeito dizendo que continua com as mentiras. “Não sei o que vai acontecer”disse. Perguntei se havia sido positiva a reunião, respondeu: “Nem um pouco. A intenção dele é inchar a folha da prefeitura e mandar todo mundo embora”. Dimas chegou a discutir com o prefeito Chiquinho Campaner a quem acusou de ter dito que fecharia a Santa Casa. Ponto positivo para Dimas que cedeu as dependências da Câmara para importante audiência.

Carlos Mascaro – “Acho que foi positiva, não dava para esperar que todos os problemas, com a enormidade, fossem resolvidos hoje. Deu para se sentar à mesa, reconhecer problemas de um lado e de outro e não ficar muito nesse “fla-flu”.
Carlos Mascaro teve papel importante na condução dos trabalhos na Câmara municipal

Marcelo Natal – Para Marcelo a audiência foi positiva principalmente para a população tomar conhecimento dos problemas da Santa Casa. Para Marcelo, a dívida antiga não teria sido solucionada e é um fator complicativo para a entidade.
Marcelo é contador da Câmara e faz parte do conselho da Santa Casa.

Chiquinho Campaner – “Foi ótima, foi proveitosa, está se chegando ao denominador. É importante que se coloque as claras os pontos de vistas de cada um, os problemas que atravessa principalmente a nossa Santa Casa e o sistema de Saúde”.

Fotos: Ronco

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